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Existe um “eu” desconectado do “nós”?

15/5/2020

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Tenho refletido e me desafiado a trazer mais clareza para uma questão que nesses tempos de pandemia está emergindo.  Minhas reflexões têm base nos meus campos de saber, estudo e prática, que são a psicologia, a mediação de conflitos e a Comunicação Não-Violenta, a CNV.

O tema, de onde ouço, é: “Será que uma pessoa tem um valor ou uma necessidade que é exclusivamente sua, isto é, um valor ou uma necessidade individual, sem relação com o todo, com o coletivo? ”

Será que podemos dizer que o valor de liberdade, autonomia e potencial de escolha de uma pessoa pode ser expresso sem afetar o outro, ou os outros?

Trago essa reflexão para um concreto atual.

Há um mês atrás, no início da crise do coronavírus, encontrei um vizinho no supermercado, eu o conheço, ele mora com sua esposa no mesmo andar do prédio em que resido. Ele estava com 3 carrinhos de compras bem cheios, um deles só de papel higiênico. Fiquei curiosa e chequei com ele se ele estava fazendo compras para outras famílias, ele me disse que era só para ele e esposa. Me disse que estava muito preocupado e queria garantir o seu bem-estar nesse período. Confesso que fiquei um tanto indignada, emiti na minha mente, alguns julgamentos condenando-o ao lugar de egoísta e tal. Depois de um tempinho, naquele segundo olhar para a situação, repensei e busquei compreender ampla e empaticamente o meu vizinho. Sim, talvez ele seja um marido cuidadoso, talvez ele se sinta responsável pelo bem-estar do casal, talvez suas necessidades de previsibilidade, segurança, proteção e potência estavam tentando ser atendidas naquele gesto de fazer uma compra gigante. E pode ser que ele estivesse convivendo com sentimentos de muita insegurança, medo, impotência e até um certo desamparo simbólico com o caos anunciado. Essa maneira de lidar com esse encontro com o vizinho, acalentou meu coração. Agora, eu estava me relacionando com um ser humano, com sentimentos e necessidades vivos e pulsantes. Eu havia conseguido empatizar com ele.

Só que, nem sempre nossas ações para atendermos nossas necessidades cuidam do todo, nem sempre elas são éticas. E podemos estar diante dessa questão nesse exemplo.

Onde ficaria o fato de que outras pessoas que também precisam de papel higiênico, por exemplo? Será que elas foram vistas na atitude do vizinho? Como podemos, então, atender nossas necessidades de cuidado,  inclusão, mutualidade e senso de pertencimento comunitário e continuar atendendo as de bem-estar, segurança, proteção?

A questão, para mim, tem um tom filosófico e ético e seria, qual a relação entre o “eu” e o “nós”? Se não pudermos colocar o “eu” na relação com o “nós”, o que estaremos produzindo em nossas vidas em comunidade? E será que existe a minha liberdade, ou talvez seria mais útil pensarmos em nossa liberdade?

Parece-me que ao longo do desenvolvimento da humanidade, saímos de uma condição de identidade fundida na coletividade, em que o indivíduo era ligado ao sobrenome da família, ou era identificado pela cidade em que habitava e passamos para um projeto de individualismo e liberalismo em que o indivíduo se apartou do coletivo. Nossa consciência de interconectividade foi esquecida. Acreditamos na liberdade e na autonomia individual e não a relacionamos com o todo. Nesta perspectiva, o “eu” e o mundo, os outros, o coletivo estão sem relação. Talvez estejamos vivendo a falta do senso de relação.

Como seria:
​
Relacionar o que é importante para mim com o que é importante para a comunidade em que vivo?

Relacionar minha liberdade e autonomia com o cuidado, a proteção e segurança coletiva?

Relacionar a maneira como me expresso verbalmente com como isso cuida do outro e dos outros?

Relacionar meu desejo de obter bem-estar e abastecer minha casa numa época de crise, com o reconhecimento de que todos precisam abastecer suas casas.

Relacionar que quando me omito diante das injustiças sociais porque não quero me indispor com meus grupos de pertencimento, talvez eu esteja coconstruindo uma realidade injusta e violenta para muitos e, portanto, para mim mesma.  

Relacionar que o café que tomo de manhã, só chegou em minha casa porque outras pessoas plantaram, colheram, processaram, embalaram, transportaram e me venderam.

Relacionar que o “eu” só existe na dimensão do “nós”.
​
Assim, de onde entendo, os valores e as necessidades humanas são termos que carregam em si a semente do coletivo. São maneiras de olharmos para o que cuida e legitima a vida que pulsa em todos nós e que insiste lindamente em se expressar, buscando honrar a todos nós com o senso da dignidade humana.
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Letramento Emocional

13/3/2020

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Comunicação Não-Violenta nas Relações de Trabalho

22/1/2020

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Essa tal de empatia

25/11/2019

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Considero a comunicação uma das habilidades mais importantes que temos na vida e em algumas circunstâncias ela pode nos servir de ponte que une ou de muro que separa.

Me recordo de momentos que me senti mal por não ter sido compreendida ou por alguém sentir-se assim por eu não ter sabido me expressar. E essa inabilidade em muitos casos trouxe o desgaste as minhas relação e consequentemente a um afastamento. Porém, nos casos em que a comunicação foi fluida, a sensação era de conexão e o sentimento de bem-estar.

Eu me perguntava qual seria o ponto de conexão entre as pessoas?

Curiosa por responder essa pergunta fui em busca de teorias e acabei chegando na tal da escuta empática, que para alguns é a capacidade psicológica de compreender o sentimento ou emoção de outra pessoa por trás das palavras.

Num primeiro momento ao ler essa explicação do que é uma escuta empática, tive a impressão de já praticá-la, mas ao investigar mais a fundo e principalmente após conhecer e passar a praticar a Comunicação Não-Violenta pude reconhecer que infelizmente era bem difícil me colocar no lugar de outra pessoa e entender o mundo como ela via. Até porque, geralmente eu estava muito ocupada com as conversas dentro da minha cabeça, minha tendência era interpretar as coisas segundo minha própria experiência e achar que as pessoas pensavam ou deveriam pensar e sentir como eu.

Isso acabava por me levar aquele velho lugar conhecido de quem está com a razão, do certo e errado, do bom e do mau, feio e bonito, pois afinal fomos educados a interpretar a realidade dessa forma, assumindo que a maneira como vemos as coisas equivale ao modo como elas realmente são ou deveriam ser e ponto. E então fazia-se o muro entre mim e o outro.

Lembro de quando exercitei a escuta empática pela primeira vez num curso de CNV e os facilitadores disseram: “Você vai escutar em silêncio o que o outro tem a dizer, sem dar conselhos, falar de si, fazer perguntas, corrigir ou criticar, apenas mantenha-se presente, com atenção e curiosidade. Busque se conectar-se aos sentimentos e necessidades do outro, enquanto se observa como ouvinte.”

A princípio parecia algo simples, mas durante o exercício percebi que saí da minha zona de conforto, fiquei tensa, queria ouvir e compreender cada palavra que o outro me dizia e quando me identificava com alguma parte da história, minha cabeça logo me levava para outro lugar.

Mas com o tempo fui aprendendo a relaxar, a não querer controlar meus pensamentos e fui percebendo o que de fato era estar presente e observar. Quanto mais eu me conectava com os sentimentos e necessidades da outra pessoa, quanto mais caminhava com ela para compreender o seu mundo, sua história, suas escolhas, mesmo que eu não concordasse com elas, abria-se uma oportunidade de conexão entre nós.

Essa capacidade de escutar e sermos empáticos me faz lembrar Alberto Caeiro quando diz:
“Não é bastante ter ouvidos para se ouvir o que é dito. É preciso também que haja silêncio dentro da alma.” Daí a dificuldade: a gente não aguenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor.”

A prática também me ajudou a desassociar a imagem de empatia com ser “boazinha”, simpática ou ter de sempre concordar com o outro, pois compreendi que antes era preciso reconhecer e me responsabilizar pelos meus próprios sentimentos e necessidades, cultivando autonomia para escolher de forma consciente o que fazer, sem culpar, julgar ou criticar o outro.

Acredito que escutar com empática nos possibilita uma mudança de postura, um olhar mais distanciado diante das situações e abre um espaço de curiosidade que pode gerar uma vontade genuína de agir de forma diferente, melhorando assim a qualidade de nossos relacionamentos.
​
Me arrisco a dizer que esse caminho que a Comunicação Não-Violenta nos propõe é longo e contínuo, mas encurta a distância entre as pessoas, cria conexões e nos tira do modo automático e reativo nos para uma mudança de comportamento. Para quem está disposto a ser a mudança que quer ver no mundo, creio que esse é um bom caminho.

Por Cristiane de Paula

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A Comunicação Não-Violenta e a Mediação de Conflitos

24/11/2019

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Como a Comunicação Não-Violenta pode contribuir com nossa Educação Emocional

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O autoacolhimento na CNV”

1/10/2019

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Autenticidade, Verdade, Franqueza, Sinceridade, Sincericídio, Honestidade, Hipocrisia, Transparência – Uma tentativa de distinguir essas palavras, seus sentidos e significados

1/10/2019

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Com alguns destes termos talvez estejamos falando de valores humanos e entrando no terreno dos pensamentos filosóficos. Estamos conscientes de que isso tem uma amplitude e uma profundidade quase infinita, tanto é que muitos filósofos, como Husserl, Sartre, Nietzsche e outros mais contemporâneos como Foucault, falaram sobre esse tema. 

Aqui, nosso interesse é fazer algumas distinções para quando os usamos no contexto da Comunicação Não-Violenta – a CNV, abordagem trazida pelo psicólogo e mediador de conflitos Marshall Rosenberg nos anos de 1960.

A CNV é uma proposta de construção de relacionamentos fundados numa intenção de respeito mútuo, não-violência e que deseja criar conexões mais humanas.

Temos entendido a sinceridade como o ato de falar a verdade, mas isso pode ser diferente de franqueza. A palavra franqueza, deriva de franco (dos franceses), que culturalmente, costumam usar uma comunicação mais direta e frontal, sem rodeios e justificativas.

Outro termo que merece uma reflexão é o que conhecemos como sincericídio, uma palavra usada popularmente que diz respeito ao ato de falar o que vem à mente, sem qualquer filtro, com uma total transparência. Aqui, vamos perceber que esse nível de franqueza ou o sincericídio pode ser violento, pode ferir e não cuidar de quem está ouvindo.

A verdade, se consultarmos a palavra em um dicionário comum, fala da propriedade de estar em conformidade com os fatos ou a realidade.

Mahatma Gandhi, que tanto inspirou Marshall Rosenberg, dizia que praticar a verdade seria conhecer os aspectos intrínsecos da nossa violência. Ele acreditava que a prática de ahimsa, a não-violência, teria como condição inicial esse reconhecimento. A partir disso, poderíamos integrar nossa violência e depois, transcendê-la.

Já a honestidade, na definição da Wikipedia, é uma faceta do caráter moral que conota atributos positivos e virtuosos, como integridade, veracidade, franqueza, incluindo franqueza de conduta, juntamente com a ausência de mentir, trapacear, roubar, etc. A honestidade também envolve ser confiável, leal, justo e sincero.

Hipócrita é uma palavra que tem origem no teatro. Era aquela pessoa que falava embaixo do palco, escondido, soprando o texto para o autor que aparecia para o público. O hipócrita na sociedade fala uma coisa, mas pensa e age diferente, não mostra coerência. Essa palavra pode ser oposta ao conceito de verdade ou de autenticidade.

A autenticidade é uma qualidade de congruência consigo mesmo. Talvez seja próprio da pessoa que fez um processo de autoconhecimento ou se investigou internamente e obteve uma boa conexão consigo mesma. Tem um nível de aceitação e de concordância com aquilo que é, suas dores e suas delícias, e quer expressar-se a partir desta realidade interna.

Pode ser então que, seja útil abrir mão de modelos externos de exigência e perfeccionismo para nos tornarmos uma pessoa autêntica.

Acreditamos que para ser possível um diálogo e que produza boa conexão, tanto no contexto do ‘eu comigo mesmo’, ou com e entre as pessoas, algumas condições são necessárias, como a qualidade de escuta para compreender (mesmo que não concordemos), abertura para o novo, autenticidade, cuidado, disponibilidade, respeito e empatia.

Assim, podemos nos questionar o que queremos produzir em nossas interações, e se a resposta for conexões humanas com respeito e cuidado, nossa expressão autêntica e empática, pode nos apoiar nessa construção.

Por Lucia Maria Nabão
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